sábado, 28 de maio de 2011

Logos versus logo - Gilberto Gil

Trocar o logos da posteridade
Pelo logo da prosperidade

Celebra-se, poeta que se é
Durante um tempo a idéia radical
De tudo importar, se para o supremo ser
De nada importar, se para o homem mortal

Abarrotam-se os cofres do saber
Um saber que se torne capital
Um capital que faça o futuro render
Os juros da condição de imortal

(Mas a morte é certa!)

Trocar o logos da posteridade
Pelo logo da prosperidade

E assim por muito tempo busca-se
O cuidadoso esculpir da estátua
Que possa atravessar os séculos intacta
Tornar perpétua a lembrança do poeta

Mas chega-se ao cruzamento da vida
O ser pra um lado, pra outro lado o mundo
Sujeita-se o poeta à servidão da lida
Quando a voz da razão fala mais fundo

E essa voz comanda:

Trocar o logos da posteridade
Pelo logo da prosperidade

E o bom poeta, sólido afinal
Apossa-se da foice ou do martelo
Para investir do aqui e agora o capital
No produzir real de um mundo justo e belo

Celebra assim, mortal que já se crê
O afazer como bem ritual
Cessar da obsessão pelo supremo ser
Nascer do prazer pelo social

E o poeta grita:

Trocar o logos da posteridade
Pelo logo da prosperidade

Eis o papel da grande cidade
Eis a função da modernidade

quarta-feira, 25 de maio de 2011

A menina de lá - João Guimarães Rosa

        Sua casa ficava para trás da Serra do Mim, quase no meio de um brejo de água limpa, lugar chamado o Temor-de-Deus. O Pai, pequeno sitiante, lidava com vacas e arroz; a Mãe, urucuiana, nunca tirava o terço da mão, mesmo quando matando galinhas ou passando descompostura em alguém. E ela, menininha, por nome Maria, Nhinhinha dita, nascera já muito para miúda, cabeçudota e com olhos enormes.

        Não que parecesse olhar ou enxergar de propósito. Parava quieta, não queria bruxas de pano, brinquedo nenhum, sempre sentadinha onde se achasse, pouco se mexia. - “Ninguém entende muita coisa que ela fala...” - dizia o Pai, com certo espanto. Menos pela estranhez das palavras, pois só em raro ela perguntava, por exemplo: -Ele xurugou?- e, vai ver, quem e o que, jamais se saberia. Mais, pelo esquisito do juízo ou enfeitado do sentido. Com riso imprevisto: -Tatu não vê a lua...” - ela falasse. Ou referia estórias, absurdas, vagas, tudo muito curto: da abelha que se voou para uma nuvem; de uma porção de meninas e meninos sentados a uma mesa de doces, comprida, comprida, por tempo que nem se acabava; ou da precisão de se fazer lista das coisas todas que no dia por dia a gente vem perdendo. Só a pura vida.

        Em geral, porém, Nhinhinha, com seus nem quatro anos, não incomodava ninguém, e não se fazia notada, a não ser pela perfeita calma, imobilidade e silêncios. Nem parecia gostar ou desgostar especialmente de coisa ou pessoa nenhuma. Botavam para ela a comida, ela continuava sentada, o prato de folha no colo, comia logo a carne ou o ovo, os torresmos, o do que fosse mais gostoso e atraente, e ia consumindo depois o resto, feijão, angu, ou arroz, abóbora, com artística lentidão. De vê-la tão perpétua e imperturbada, a gente se assustava de repente. - “Nhinhinha, que é que você está fazendo?” - perguntava-se. E ela respondia, alongada, sorrida, moduladamente: -Eu... to-u... fa-a-zendo”. Fazia vácuos. Seria mesmo seu tanto tolinha?

        Nada a intimidava. Ouvia o Pai querendo que a Mãe coasse um café forte, e comentava, se sorrindo: -Menino pidão... Menino pidão...” Costumava também dirigir-se à Mãe desse jeito: -Menina grande... Menina grande...”Com isso Pai e Mãe davam de zangar-se. Em vão. Nhinhinha murmurava só: -Deixa... Deixa...” - suasibilíssima, inábil como um flor. O mesmo dizia quando vinham chamá-la para qualquer novidade, dessas de entusiasmar adultos e crianças. Não se importava com os acontecimentos. Tranqüila, mas viçosa em saúde. Ninguém tinha real poder sobre ela, não se sabiam suas preferências. Como puni-la? E, bater-lhe, não ousassem; nem havia motivo. Mas, o respeito que tinha por Mãe e Pai, parecia mais uma engraçada espécie de tolerância. E Nhinhinha gostava de mim.

        Conversávamos, agora. Ela apreciava o casacão da noite. -Cheiinhas!- olhava as estrelas, deléveis, sobre-humanas. Chamava-as de “estrelinhas pia-pia”. Repetia: -Tudo nascendo!- essa sua exclamação dileta, em muitas ocasiões, com o deferir de um sorriso. E o ar. Dizia que o ar estava com cheiro de lembrança. -A gente não vê quando o vento se acaba...” Estava no quintal, vestidinha de amarelo. O que falava, às vezes era comum, a gente é que ouvia exagerado: -Alturas de urubuir...” Não, dissera só: - “... altura de urubu não ir.” O dedinho chegava quase no céu. Lembrou-se de: -Jabuticaba de vem-me-ver...” Suspirava, depois: -Eu quero ir para lá.” - Aonde? -Não sei.” Aí, observou: -O passarinho desapareceu de cantar...” De fato, o passarinho tinha estado cantando, e, no escorregar do tempo, eu pensava que não tivesse ouvindo; agora, ele se interrompera. Eu disse: - “A avezinha.” De por diante, Nhinhinha passou a chamar o sabiá de “Senhora Vizinha...” E tinha respostas mais longas: -Eeu? Tou fazendo saudade.” Outra hora, falava-se de parentes já mortos, ela riu: -Vou visitar eles...” Ralhei, dei conselhos, disse que ela estava com a lua. Olhou-me, zombaz, seus olhos muito perspectivos: -Ele te xurugou?” Nunca mais vi Nhinhinha.

        Sei, porém, que foi por aí que ela começou a fazer milagres.

        Nem Mãe nem Pai acharam logo a maravilha, repentina. Mas Tiantônia. Parece que foi de manhã. Nhinhinha, só, sentada, olhando o nada diante das pessoas: -Eu queria o sapo vir aqui.” Se bem a ouviram, pensaram fosse um patranhar, o de seus disparates, de sempre. Tiantônia, por vezo, acenou-lhe com o dedo. Mas, aí, reto, aos pulinhos, o ser entrava na sala, para aos pés de Nhinhinha - e não o sapo de papo, mas bela rã brejeira, vinda do verduroso, a rã verdíssima. Visita dessas jamais acontecera. E ela riu: -Está trabalhando um feitiço...” Os outros se pasmaram; silenciaram demais.

        Dias depois, com o mesmo sossego: -Eu queria uma pamonhinha de goiabada...” - sussurrou; e, nem bem meia hora, chegou uma dona, de longe, que trazia os pãezinhos da goiabada enrolada na palha. Aquilo, quem entendia? Nem os outros prodígios, que vieram se seguindo. O que ela queria, que falava, súbito acontecia. Só que queria muito pouco, e sempre as coisas levianas e descuidosas, o que não põe nem quita. Assim, quando a Mãe adoeceu de dores, que eram de nenhum remédio, não houve fazer com que Nhinhinha lhe falasse a cura. Sorria apenas, segredando seu -Deixa... Deixa...” - não a podiam despersuadir. Mas veio, vagarosa, abraçou a Mãe e a beijou, quentinha. A mãe, que a olhava com estarrecida fé, sarou-se então, num minuto. Souberam que ela tinha também outros modos.

        Decidiram de guardar segredo. Não viessem ali os curiosos, gente maldosa e interesseira, com escândalos. Ou os padres, o bispo, quisessem tomar conta da menina, levá-la para sério convento. Ninguém, nem os parentes de mais perto, devia saber. Também, o Pai, Tiantônia e a Mãe, nem queriam versar conversas, sentiam um medo extraordinário da coisa. Achavam ilusão.

        O que ao Pai, aos poucos, pegava a aborrecer, era que de tudo não se tirasse o sensato proveito. Veio a seca, maior, até o brejo ameaçava de se estorricar. Experimentaram pedir a Nhinhinha: que quisesse a chuva. -Mas, não pode, ué...” - ela sacudiu a cabecinha. Instaram-na: que, se não, se acabava tudo, o leite, o arroz, a carne, os doces, frutas, o melado. -Deixa... Deixa...” - se sorria, repousada, chegou a fechar os olhos, ao insistirem, no súbito adormecer das andorinhas.

        Daí a duas manhãs, quis: queria o arco-íris. Choveu. E logo aparecia o arco-da-velha, sobressaído em verde e o vermelho - que era mais um vivo cor-de-rosa. Nhinhinha se alegrou, fora do sério, à tarde do dia, com a refrescação. Fez o que nunca se lhe vira, pular e correr por casa e quintal. - “Adivinhou passarinho verde?” - Pai e Mãe se perguntavam. Esses, os passarinhos, cantavam, deputados de um reino. Mas houve que, a certo momento, Tiantônia repreendesse a menina, muito brava, muito forte, sem usos, até a Mãe e o Pai não entenderam aquilo, não gostaram. E Nhinhinha, branda, tornou a ficar sentadinha, inalterada que nem se sonhasse, ainda mais imóvel, com seu passarinho-verde pensamento. Pai e Mãe cochichavam, contentes: que, quando ela crescesse e tomasse juízo, ia poder ajudar muito a eles, conforme à Providência decerto prazia que fosse.

        E, vai, Nhinhinha adoeceu e morreu. Diz-se que da má água desses ares. Todos os vivos atos se passam longe demais.

        Desabado aquele feito, houve muitas diversas dores, de todos, dos de casa: um de-repente enorme. A Mãe, o Pai e Tiantônia davam conta de que era a mesma coisa que se cada um deles tivesse morrido por metade. E mais para repassar o coração, de se ver quando a Mãe desfiava o terço, mas em vez das ave-marias podendo só gemer aquilo de -Menina grande... Menina grande...” - com toda ferocidade. E o Pai alisava com as mãos o tamboretinho em que Nhinhinha se sentava tanto, e em que ele mesmo se sentar não podia, que com o peso de seu corpo de homem o tamboretinho se quebrava.

        Agora, precisavam de mandar recado, ao arraial, para fazerem o caixão e aprontarem o enterro, com acompanhamento de virgens e anjos. Aí, Tiantônia tomou coragem, carecia de contar: que, naquele dia, do arco-íris da chuva, do passarinho, Nhinhinha tinha falado despropositado desatino, por isso com ela ralhara. O que fora: que queria um caixãozinho cor-de-rosa, com enfeites verdes brilhantes... A agouraria! Agora, era para se encomendar o caixãozinho assim, sua vontade?

        O Pai, em bruscas lágrimas, esbravejou: que não! Ah, que, se consentisse nisso, era como tomar culpa, estar ajudando ainda a Nhinhinha a morrer...

        A Mãe queria, ela começou a discutir com o Pai. Mas, no mais choro, se serenou - o sorriso tão bom, tão grande - suspensão num pensamento: que não era preciso encomendar, nem explicar, pois havia de sair bem assim, do jeito, cor-de-rosa com verdes funebrilhos, porque era, tinha de ser! - pelo milagre, o de sua filhinha em glória, Santa Nhinhinha.

***

João Guimarães Rosa, in Primeiras Estórias (1962).

sábado, 7 de maio de 2011

Quando ouvi pelo fim do dia – Walt Whitman

Quando ouvi, pelo fim do dia, como o meu nome havia sido
recebido com aplausos no Capitólio, ainda assim não foi
feliz para mim, a noite que se seguiu;
E, quando festejei, ou, quando os meus planos foram atingidos,
assim mesmo não me senti feliz;
Mas, no dia em que cedo me levantei, de perfeita saúde,
renovado, cantando, inalando o maduro fôlego outonal,
Quando vi a lua cheia, a oeste, ficando pálida e a desaparecer
na luz da manhã,
Quando vagueei sozinho sobre a praia e, despindo-me, me banhei,
rindo com as águas frias, e vi o sol nascer,
E quando pensei em como o meu querido amigo, o meu amante,
estava a caminho,
Oh, então senti-me feliz;
Então, cada fôlego me foi mais doce – e todo o dia,
meu alimento me nutriu mais – e o belo dia passou bem,
E o seguinte chegou com igual alegria – e com o próximo,
pelo fim da tarde, chegou o meu amigo;
Naquela noite, quanto tudo estava calmo, ouvi as águas rolarem
continuamente, lentas sobre as margens,
Ouvi o assobio sussurrado do líquido e das areias, como que
dirigindo-se a mim, cochichando, felicitando-me,
Porque aquele que amo dormia comigo sob a mesma coberta
na noite fria,
No sossego, nos outonais raios de luar, seu rosto inclinado
sobre mim,
Seu braço em redor do meu peito, suavemente – e naquela noite
fui feliz.

Walt Whitman (1819 - 1892)
(Versão de José Agostinho Baptista)

Original: When I heard at the close of the day

Outros textos de Whitman:


When I heard at the close of the day – Walt Whitman

When I heard at the close of the day how my name had been
receiv'd with plaudits in the Capitol, still it was not a
happy night for me that follow'd;
And else, when I carous'd, or when my plans were accomplish'd,
still I was not happy;
But the day when I rose at dawn from the bed of perfect health,
refresh'd, singing, inhaling the ripe breath of autumn,
When I saw the full moon in the west grow pale and disappear
in the morning light,
When I wander'd alone over the beach, and undressing, bathed,
laughing with the cool waters, and saw the sun rise,
And when I thought how my dear friend, my lover, was on his
way coming, O then I was happy;
O then each breath tasted sweeter – and all that day my food
nourish'd me more – and the beautiful day pass'd well,
And the next came with equal joy – and with the next, at evening,
came my friend;
And that night, while all was still, I heard the waters roll
slowly continually up the shores,
I heard the hissing rustle of the liquid and sands, as directed to
me, whispering, to congratulate me,
For the one I love most lay sleeping by me under the same cover
in the cool night,
In the stillness, in the autumn moonbeams, his face was inclined
toward me,
And his arm lay lightly around my breast – and that night I
was happy.

Walt Whitman (1819 - 1892)

Outro poema dos dons - Jorge Luis Borges

Quero dar graças ao divino
Labirinto dos efeitos e das causas
Pela diversidade das criaturas
Que formam este singular universo,
Pela razão, que não cessará de sonhar
Com um plano do labirinto,
Pelo rosto de Helena e pela perseverança de Ulisses,
Pelo amor, que nos deixa ver os outros
Como os vê a divindade,
Pelo firme diamante e pela água solta,
Pela álgebra, palácio de precisos cristais,
Pelas místicas moedas de Ângelo Silésio,
Por Schopenhauer,
Que talvez tenha decifrado o universo,
Pelo fulgor do fogo
Que nenhum ser humano pode olhar sem um assombro antigo,
Pelo mogno, pelo cedro e pelo sândalo,
Pelo pão e pelo sal,
Pelo mistério da rosa
Que prodigaliza cor e que não a vê,
Por certas vésperas e dias de 1955,
Pelos duros tropeiros que na planície
Arreiam os animais e a alvorada,
Pela manhã em Montevidéu,
Pela arte da amizade,
Pelo último dia de Sócrates,
Pelas palavras que em um crepúsculo se disseram
De uma cruz a outra cruz,
Por aquele sonho do Islã que abarcou
Mil noites e uma noite,
Por aquele outro sonho do inferno
Da torre de fogo que purifica
E das esferas gloriosas,
Por Swedenborg,
Que conversava com os anjos nas ruas de Londres,
Pelos rios secretos e imemoriais
Que convergem em mim,
Pelo idioma que, faz séculos, falei em Nortúmbria,
Pela espada e a harpa dos saxões,
Pelo mar, que é um deserto resplandecente
E uma cifra de coisas que não sabemos
E um epitáfio dos vikings,
Pela música verbal da Inglaterra,
Pela música verbal da Alemanha,
Pelo ouro, que rebrilha nos versos,
Pelo épico inverno,
Pelo nome de um livro que não li:
     Gesta Dei per Francos,
Por Verlaine, inocente como os pássaros,
Pelo prisma de cristal e pelo peso de bronze,
Pelas raias do tigre,
Pelas altas torres de São Francisco e da ilha de Manhattan,
Pela manhã no Texas,
Por aquele sevilhano que redigiu a Epístola Moral
E cujo nome, como ele teria preferido, ignoramos,
Por Sêneca e Lucano, de Córdoba,
Que antes do espanhol escreveram
Toda a literatura espanhola,
Pelo geométrico e bizarro xadrez,
Pela tartaruga de Zenão e pelo mapa de Royce,
Pelo aroma medicinal dos eucaliptos,
Pela linguagem, que pode simular a sabedoria,
Pelo esquecimento, que anula ou modifica o passado,
Pelo costume,
Que nos repete e nos confirma como um espelho,
Pela manhã, que nos provê a ilusão de um princípio,
Pela noite, suas trevas e sua astronomia,
Pelo valor e pela felicidade dos outros,
Pela pátria, sentida nos jasmins
Ou numa velha espada,
Por Whitman e Francisco de Assis, que já escreveram o poema,
Pelo fato de que o poema é inesgotável
E se confunde com a soma das criaturas
E não chegará jamais ao último verso
E varia segundo os homens,
Por Francis Haslam, que pediu perdão a seus filhos
Por morrer tão devagar,
Pelos minutos que precedem o sono,
Pelo sono e pela morte,
Esses dois tesouros ocultos,
Pelos íntimos dons que não enumero,
Pela música, misteriosa forma do tempo.

Jorge Luis Borges, in “O outro, o mesmo” (1964).

O ciúme - Caetano Veloso

Dorme o sol à flor do Chico, meio-dia
Tudo esbarra embriagado de seu lume
Dorme ponte, Pernambuco, Rio, Bahia
Só vigia um ponto negro: o meu ciúme

O ciúme lançou sua flecha preta e se viu ferido justo na garganta
Quem nem alegre, nem triste, nem poeta
Entre Petrolina e Juazeiro canta

Velho Chico, vens de Minas
De onde o oculto do mistério se escondeu
Sei que o levas todo em ti
Não me ensinas
E eu sou só eu só eu só eu

Juazeiro, nem te lembras dessa tarde
Petrolina, nem chegaste a perceber
Mas na voz que canta tudo ainda arde
Tudo é perda, tudo quer buscar, cadê?

Tanta gente canta
Tanta gente cala
Tantas almas esticadas no curtume
Sobre toda estrada, sobre toda sala
Paira monstruosa
A sombra do ciúme.




segunda-feira, 2 de maio de 2011

Lagrimar - André Abujamra


A onda do mar
nasce, cresce e morre e vira lágrima
a onda do mar
nasce, cresce e morre e vira lágrima
e a água de dentro do homem são as ondas do mar
e a água de dentro do homem são as ondas do mar
o lagrimar
o lagrimar
o lagrimar
o lagrimar
mas não é só de tristeza.