sábado, 7 de maio de 2011

Quando ouvi pelo fim do dia – Walt Whitman

Quando ouvi, pelo fim do dia, como o meu nome havia sido
recebido com aplausos no Capitólio, ainda assim não foi
feliz para mim, a noite que se seguiu;
E, quando festejei, ou, quando os meus planos foram atingidos,
assim mesmo não me senti feliz;
Mas, no dia em que cedo me levantei, de perfeita saúde,
renovado, cantando, inalando o maduro fôlego outonal,
Quando vi a lua cheia, a oeste, ficando pálida e a desaparecer
na luz da manhã,
Quando vagueei sozinho sobre a praia e, despindo-me, me banhei,
rindo com as águas frias, e vi o sol nascer,
E quando pensei em como o meu querido amigo, o meu amante,
estava a caminho,
Oh, então senti-me feliz;
Então, cada fôlego me foi mais doce – e todo o dia,
meu alimento me nutriu mais – e o belo dia passou bem,
E o seguinte chegou com igual alegria – e com o próximo,
pelo fim da tarde, chegou o meu amigo;
Naquela noite, quanto tudo estava calmo, ouvi as águas rolarem
continuamente, lentas sobre as margens,
Ouvi o assobio sussurrado do líquido e das areias, como que
dirigindo-se a mim, cochichando, felicitando-me,
Porque aquele que amo dormia comigo sob a mesma coberta
na noite fria,
No sossego, nos outonais raios de luar, seu rosto inclinado
sobre mim,
Seu braço em redor do meu peito, suavemente – e naquela noite
fui feliz.

Walt Whitman (1819 - 1892)
(Versão de José Agostinho Baptista)

Original: When I heard at the close of the day

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