Pardon
is the word to all [perdão é a palavra para tudo]
(Shakespeare, Cymbeline, Ato 5, Cena
5).
Devemos
ter tolerância com toda a estultice,
com todos os erros e com todos os vícios humanos, considerando que aquilo
que temos diante de nós não passa de nossa própria estultice, de nossos
próprios erros e de nossos próprios vícios: de fato, são os erros da
humanidade, à qual pertencemos e cujos erros, por conseguinte, trazemos todos
em nós, portanto, também aqueles que agora nos causam indignação somente
porque, justamente agora, não afloram em nós. Aliás, não se encontram na
superfície, mas embaixo, na base, e aflorarão na primeira ocasião e se
mostrarão tal como agora os vemos nos outros; embora em um indivíduo se
sobressaia determinado erro e, em outro, aquele outro erro, ou ainda que não se
possa negar que a medida total de todas as qualidades ruins seja muito maior em
um indivíduo do que em outro. Pois a diferença entre as individualidades é
incalculavelmente grande.
Schopenhauer, in A arte de envelhecer. Martins Fontes, São Paulo, 2012.
Nenhum comentário:
Postar um comentário